Sociedade Americana, Negros, Armas e Brasil

in #black7 years ago (edited)

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RESUMO

A sociedade americana foi baseada em alguns pilares em relação a sua composição étnica e política. Isso se refletiu na criação dos movimentos insurgentes raciais América e na dificuldade de movimentos sindicais sólidos nos EUA (não falaremos sobre isso aqui).

Vamos falar sobre como as táticas dos movimentos americanos eram tão particulares, que é difícil adaptá-las ao Brasil e ao momento atual, sem seguir com suas análises próprias.

A INDUSTRIA BÉLICA COMO PONTO DE PARTIDA

A postura americana quanto as armas é baseada na forma como lidaram com a pós-colonização britânica: armas como tentativa dos Pais Legisladores de barrarem possíveis insurreições, ao mesmo tempo, armas como concentração de poder nas mãos dos grandes possuidores de Terra.

No papel, os independentistas colocavam as armas como símbolo de liberdade contra qualquer tipo de opressão que viessem a sofrer no futuro.

Temos também que citar a forma como sua economia se baseou em exportações de armas, principalmente durante a 2ª Guerra Mundial.

Essas são as 2 primeiras características que os brasileiros não possuem em sua história.

O OUTRO: ESTRANGEIROS DO PRÓPRIO PAÍS

Olhando para a composição étnica, todo não-branco nos EUA é visto como “o outro”. Isso devido também à sua colonização, seu período escravocrata e seu próprio “apartheid”.

Todo negro, asiático e latino na América forma sua própria “comunidade”. E faz isso pelo fato de não pertencerem à comunidade americana. São afro-americanos pelo fato de não se reconhecerem como americanos, em si. Eles são estrangeiros do próprio país.

Isso reflete posteriormente na criação do Pan Africanismo no século XIX, um debate teórico criado por afro-americanos, pela necessidade de um RETORNO À ÁFRICA. O fato de terem sido afastados de sua “mãe terra” e não serem vistos como americanos criava o desejo de retorno ao que lhes foi roubado.

Ao contrário do Brasil, que deve o aumento de sua população aos variados estupros de negras escravizadas e indígenas. Houve uma tentativa durante o século XX de se criar uma identidade nacional própria, mas ela não teve sucesso.

Essa é a 3ª característica que os brasileiros não possuem, pela sua colonização e “miscigenação” própria.

PANTERAS NEGRAS E INTERCOMUNALISMO

Passamos pelo século XVIII até o século XIX, chegamos ao século XX e vemos uma insurreição negra muito forte, principalmente a partir da década de 50, marcada pela ascensão de um grupo chamado Partido dos Panteras Negras, que criou uma teoria chamada Intercomunalismo (por sua vez baseada no Internacionalismo de Mao Tse Tung).

Essa teoria foi adaptada especificamente para os EUA e seu conceito de comunidade, que é próprio americano.

A 4ª característica, que é também temporal, refere-se ao fato de estarmos agora em período de guerra (Guerra Fria e Guerra do Vietnã) e o exército americano possuir outro tipo de relação com a população americana (por vários daqueles outros citados acima).

Isso influenciou a maneira como a comunidade foi vista (como um inimigo interno, paralelo aos inimigos externos) e a forma como a própria comunidade enxergava o posicionamento político americano.

CONCLUSÃO

Esses são alguns dos motivos pelos quais a tática de utilização das armas pelos Panteras Negras (e outros muitos grupos afro-americanos) foi colocada em prática.

São características muito particulares do país, o que torna difícil seu “ctrl c + ctrl v”. As realidades materiais não chegam perto do que foi visto, nem pelo modo de colonização, nem pelo modo de organização da sociedade.

A 4ª característica que descrevi também foi motivo pelo qual as organizações negras que tentaram reaver essas táticas no século XXI nos EUA fracassaram absolutamente. Era necessário um novo tipo de análise quanto a postura étnica e política do país, o que não foi feito. O Novo Partido dos Panteras Negras fracassou desde seu nascimento.

Não precisamos copiar táticas que deram certo, porque elas deram certo por motivos específicos. Precisamos copiar a delicadeza de suas análises, para fundarmos uma tática própria.

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Obrigado amigo!