A difícil tarefa do diálogo
Diálogo é uma das coisas mais complicadas do mundo, muitas coisas podem sair errado. Existe a possibilidade do falante se expressar de forma equivocada ou o ouvinte entender de forma equivocada. Uma terceira possibilidade que agrava o problema é quando estas duas coisas ocorrem na mesma conversa. Tanto o falante quanto o ouvinte não conseguem colocar em uma perspectiva clara o que está sendo debatido. Como efeito, o desentendimento se torna inevitável.
Mágoas, ofensas, frustrações e sofrimentos surgem por conta do desentendimento entre pessoas. A felicidade é um caminho que passa necessariamente pelo diálogo. Neste sentido, conseguir se entender com outras pessoas é fundamental para uma vida menos turbulenta.
Um dos problemas numa conversa está no conceito sobre o que é entendimento. Para muitas pessoas a ideia de entendimento é vista como uma forma de subordinação. Estas acreditam que uma pessoa lhe entendeu quando faz aquilo que lhe foi dito. Em outros casos o entendimento é visto como algo que só ocorre quando as pessoas concordam entre si num determinado tema.
Estas formas de conceber o entendimento não parecem suficientes para o sucesso de um relacionamento.
Um diálogo que inicia na intenção de determinar quem tem razão está pautado na ideia de entendimento como concordância. “Se entender” nesta forma de pensar é concordar com uma das partes ou admitir a razão de uma das partes. Esta é uma forma de diálogo válida, mas não tem se mostrado muito eficiente. Parece fracassar em uma boa parte das vezes devido ao tenso clima de autoritarismo que envolve os falantes.
Um dos problemas do autoritarismo é que este é uma manifestação instintiva. Se apresenta normalmente quando não conseguimos nos fazer entender. Quando fracassamos na tentativa de dialogar. Isso pode acarretar uma reação emocional que promove imposição de ideias através da irritação e do autoritarismo.
Geralmente o autoritarismo surge quando se acredita que existe apenas uma forma correta de interpretar os fatos. Na atualidade, é consenso entre os pesquisadores que existe uma infinidade de possibilidades na interpretação de um evento.
É possível interpretar qualquer fato ou evidência através de um pensamento pautado na engenharia. Esta se encarrega de perguntar sobre como é feito ou ocorre um evento. Também é possível interpretar através da utilidade ou funcionalidade do que ocorreu. Ou ainda, através da intencionalidade de quem relata ou interpreta os fatos.
Os critérios de análise dos eventos podem ser igualmente variáveis. É possível fundamentar uma interpretação através de um intuicionismo, autoritarismo, coerentismo, consequencialismo, dogmatismo, ceticismo, racionalismo, pragmatismo e muitos outros “ismos”.
Estes “ismos” se relacionam, entre outras coisas, com a maneira da pessoa fundamentar seu critério de verdade. Em outras palavras, qual o critério alguém usa para decidir se algo é verdadeiro ou falso, se uma conclusão é adequada o equivocada.
O numero de possibilidades para construção de um raciocínio é praticamente infinito. Promovendo uma grande variedade de interpretações sobre um único evento. Cada pessoa constrói sua percepção através de um grupo pequeno de possibilidades. Deixa para traz uma infinidade de interpretações possíveis.
Esse evento interpretativo faz do diálogo uma das tarefas mais complexas do comportamento humano. Todas as possibilidades de interpretação são válidas. Isso garante para cada pessoa numa conversa uma certeza que muitas vezes é rígida. Impossibilitando a compreensão ou aceitação de outras formas de interpretação.
Uma confusão comum paira sobre a ideia de interpretação e eficiência. Toda interpretação é válida, mas algumas podem ser mais eficientes que outras.
Quando um diálogo é pautado na pergunta pela eficiência e consequência de uma determinada escolha ou ação. Não esquecendo de incluir o sentimento dos participantes. Existe uma boa possibilidade da conversa ser produtiva.
Ausência de fundamentação e falta de compromisso em entender as outras pessoas é algo motivador para o desentendimento. Debater sobre um problema exige a busca por possibilidades e o entendimento de diversas fundamentações, ainda que contraditórias.
Detectar a ausência de fundamentação é o primeiro passo para manter a conversa no foco e evitar desentendimentos.
Quando num diálogo se percebe que faltou fundamentar adequadamente uma dada interpretação. O mais indicado é continuar a conversa após o levantamento necessário de informações, para clarear o assunto. Conversar honestamente, assumindo fragilidades, promove bons resultados.
Mas isso não é tarefa fácil, admitir não estar preparado para um assunto é algo entendido como constrangedor para algumas pessoas. Este é um pensamento muito presente nos indivíduos autoritários. Nestes casos, promover um desentendimento é uma “saída estratégica”, ainda que não seja intencional.
Na internet o desentendimento ocorre algumas vezes, mas as listas funcionam relativamente bem quando possuem moderadores. Já na vida pessoal, isso parece mais complicado.
A falta de entendimento é um problema social que afeta todos nós de uma ou outra forma. Basicamente o principal motivo é o critério de verdade manifestado por cada pessoa, em alguns casos, de forma inflexível.
Ter uma boa conversa cara a cara, sempre é bom.
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