Do garimpo real ao virtual
Durante a febre do ouro, ocorrida em Minas Gerais no século XVII, os garimpeiros que chegavam em terras brasileiras e corriam para encontrar o minério dourado, buscavam, acima de tudo, uma melhora financeira em suas vidas, visto que, ainda naquela época, o ouro já havia superado o açúcar como o principal meio de obtenção de riqueza na colônia portuguesa. Mesmo tendo conhecimento de que o ouro achado seria eventualmente tributado e que o Estado tomaria a frente na política monetária da época, o que garantia que os garimpeiros manteriam o interesse em sua atividade era o padrão ouro: a economia da época, mesmo organizada pelo Estado, mantinha esse minério como principal mecanismo de troca.
Do garimpo real ao virtual
Para compreender como foi possível uma evolução do garimpeiro, saindo das águas correntes com peneiras para uma sala repleta de computadores, temos de conhecer o ouro digital. Diferente do minério concedido a nós pela natureza, o que permitiu a criação de um ativo que pudesse se assemelhar ao ouro e conseguir manter uma função que é a de meio de troca (moeda), que já era atribuída ao ouro desde antes do império Romano, foi necessário chegar a era da tecnologia e enfrentar uma política monetária que é constantemente alvo da inflação.
O ouro digital chama-se Bitcoin e a tecnologia utilizada na sua criação possibilita que ele seja similar a um minério real: imagine que existam minas repletas de Bitcoins e que os garimpeiros ou mineiros podem extrair apenas utilizando computadores. A extração consiste na resolução de problemas matemáticos, como por exemplo, encontrar todos os números primos existentes. A princípio, parece uma atividade simples, entretanto a resolução desses problemas torna-se cada vez mais difícil cada vez que um novo Bitcoin é minerado, com isso existem inúmeros centros ao redor do mundo com computadores de alta potência com o objetivo apenas de minerar Bitcoins. Basicamente, trocamos as peneiras por computadores.
Acima, uma estrutura composta por placas de vídeos, a fim de minerar os Bitcoins.
A partir dessa criação, surge no mundo a possibilidade de utilizar o Bitcoin como moeda, pois diferente de moedas fiduciárias como o dólar ou o real que sofrem constantemente com inflações diante políticas monetárias que obrigam os bancos centrais a imprimir mais dinheiro, gerando uma desvalorização dessas moedas, o que ocorre com o Bitcoin é justamente o contrário: só é possível que venham a ser minerados 21 milhões de bitcoins. Atualmente, 10 de julho de 2018, já foram minerados 17 de milhões de bitcoins e como explicado anteriormente, como o processo de mineração ou garimpo fica cada vez mais complexo, há uma estimativa que os últimos bitcoins só venham ser encontrados por volta do ano 2140.
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REFERÊNCIAS
ULRICH, Fernando. Bitcoin - A moeda na era Digital. LVM Editora. 2014.
Livro disponível na Amazon.
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Você também pode conferir esse pequeno artigo no CoinTimes, o portal de conteúdo sobre economia da FoxBit.