Paradoxo da Escolha, Expectativa e Infelicidade

No livro The Paradox of Choice, o autor Barry Schwartz sugere de forma bem humorada que o segredo da felicidade é ter baixas expectativas e em uma análise mais ampla das relações humanas o autor não poderia estar mais certo.

Expectativa, segundo o dicionário, é a situação de quem espera a ocorrência de algo, ou sua probabilidade de ocorrência, em determinado momento. O não cumprimento das nossas expectativas resulta em frustração. E é a partir desse ponto que pretendo demonstrar como poderíamos melhorar as relações simplesmente diminuindo a expectativa.

A sociedade tem uma determinada expectativa dos papéis que homens e mulheres deveriam desempenhar. Quando essa expectativa não é atendida, seja por uma desconstrução dos papéis dos gêneros ou da sexualidade que "deveria" vir embutida a um gênero específico, a sociedade se frustra. Essa frustração pode se manifestar na forma de marginalização, asco, opressão, violência.

Nas relações familiares, os pais criam expectativas em relação ao futuro dos filhos. Expectativa alimentada pelo esforço físico e emocional de criar um filho, bem como por sonhos não alcançados. E uma vez que a prole decide trilhar um estilo de vida não alinhado com essas expectativas o resultado é mais uma vez frustração. Essa frustração pode se manifestar pelo enfraquecimento dos laços familiares, revolta, distanciamento, paralisia. Por outro lado, o inverso também é válido, os filhos criam a expectativa que os pais são seres perfeitos, esquecendo todo o pacote de sentimentos que vem junto com a humanidade de cada um (ciúmes, inveja, saudades, tristeza, felicidade).

Os jovens dessa geração estão cada vez mais frustrados com a vida profissional e não é pra menos, alimentaram durante toda a vida a expectativa de que poderiam ser qualquer coisa, como um astronauta, o presidente ou um super herói. Quando a realidade bate a porta mostrando o contrário, a difícil tarefa de escolher por outro caminho frustra o sonho profissional desses jovens.

Sempre criei uma expectativa do que é ser e ter um bom amigo e passei muito tempo infeliz com minhas amizades (mesmo estando rodeado de pessoas maravilhosas), pelo simples fato de não atenderem minhas expectativas.

A lição aqui é de que não há vergonha em ter baixas expectativas, não é fraqueza, não é falta de ambição. Diminuir as expectativas é cobrar menos do outro e de si, é permitir que a vida possa te surpreender de alguma forma.

No frustration, be happy!

~imagem meramente ilustrativa~