Conhecendo Aline Kominsky-Crumb

in #pt7 years ago (edited)

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Foto - Eu segundo a belezinha do livro "Essa Bunch é um Amor" - Editora Conrad 2010.

Já faz um tempo que queria escrever sobre Mulheres nos Quadrinhos, então, dou o start começando por ela, Aline Kominsky-Crumb.

Confesso, não fico muito satisfeita com o modo que conheci Aline, pois como a maioria das pessoas, conheci através de seu marido, Robert Crumb. Isso é um problema? Não necessariamente, mas, conhecemos primeiro a "mulher do Crumb" para então conhecer a Aline super poderosa! Enfim, como disse, não acho algo "terrível", só um pouco incomodada por ter sempre essa "sombra" masculina.

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Já sou fã Crumb há anos, lendo "Minha Vida", encontrei Aline e fiquei, porra! Que mulher! (acho que Crumb também pensou isso), sendo assim, saí a procura do livro da Bunch, para entrar no universo Alinístico.

Logo nas primeiras páginas, fiquei apaixonada. Aline, não esconde seu posicionamento, é feminista, política, profunda, seus quadrinhos mergulham dentro do universo undergroud autobiográfico, seu universo introspectivo e perturbado, expõe sem medo sua vida, sentimos sua honestidade através de sua arte não "camuflada".

Seus traços, a primeira vista, não me impressionaram tecnicamente. Desenhos rápidos e sem muitos detalhes, mas o conjunto de seus desenhos quase infantilizados, com roteiro ácido e sem pudores, me fisgaram. Logo, fez-se um conjunto sensacional, simples e que se aproxima do leitor pela simplicidade.

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Aline, cresceu na comunidade judaica de Long Island, seus pais, não muito sensíveis, candidatos a novos ricos, eram superficiais e fúteis aos olhos da garota sensível com alma de artista, o que naturalmente fez com que Aline procurasse uma vida mais significativa.

Seus pais, não tinham um casamento muito saudável, brigavam muito e não tinham valores muito fundamentados, o que fez Aline procurar na arte um refúgio, dizia que a arte era a única coisa válida em sua vida, a única coisa que tinha sentido.

Durante sua adolescência, explorava museus e desfrutava de toda loucura que era os anos 60. Com a sua autoestima não consolidada, Aline, considerava-se "feia e perdedora", situações e sentimentos que se explicitam em seus quadrinhos.

Aos 19 anos, afim de sair de casa, casou-se com Carl Kominsky, onde foram para a Universidade do Arizona, onde Aline estudou Artes e se interessou por quadrinhos. O casamento não durou muito.

Depois de alguns anos, mudou-se para São Francisco onde começou a ter publicações e ter maior reconhecimento de seu trabalho.

Conheceu Crumb em 71, se interessaram e o negócio deu certo (risos), nos final de 73 se casaram e em 81 tiveram uma filha, Sophie.

Apesar de minha crítica inicial, o trabalho de Aline e Crumb quase se fundem, o que torna a vida e obra de ambos uma coisa ainda mais fascinante.

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Uma coisa que me fascina imensamente no trabalho de Aline é a forma que ela se joga em sua arte, sem medo, sem pudores como mencionei acima.

Logo nas primeiras páginas do livro, ela abre suas memórias mais íntimas, fala abertamente sobre sua sexualidade, sobre a desromantização da primeira tranza, sobre seus complexos, sobre sua expectativa em relação aos pênis, sobre as descobertas de seu próprio corpo!

Fiquei fascinada quando li pela primeira vez, uma mulher falando de modo sincero, sem uma hiper-sexualização, sem decotes e sensualidade, sem restrições pudicas de princesas da Disney, uma mulher comum, normal, que se toca, se vê, sente, tem paranoias, insights, uma jovem com tem problemas como tantas outras, mas que poucas tem coragem de revelar.

Logo mais tarde a outra fase de Aline, a dona de casa, a mãe! A Aline que poderia ser nossa mãe, tia ou vizinha. Aquela mulher que se desdobra entre casa, marido, profissão, acadêmia, estudos, desafios e ainda por cima... artista.
A imagem a seguir ilustra bem o que digo <3

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Por fim, quero conhecer outras Aline's, outras mulheres, meninas que se expressam através dos quadrinhos, da arte. Acho fascinante me sentir retratada, identificada. Gosto de quadrinhos de maneira geral, mas confesso sentir falta do universo feminino "real", pois o que vemos muitas vezes, são apenas super heroínas de colã e salto alto desenhadas, representadas por homens.

Caso você queira me indicar, estou aí! Obrigada por ler e espero que tenha gostado de conhecer um pouco mais sobre a Aline assim como eu.

Abraço!

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Muito legal Ed, foi você que me apresentou ela, inclusive. Ambos são grandes artistas, mas acabo me identificando mais com o Crumb (por ser homem provavelmente) e minha recomendação é o documentário sobre a vida dele, que tem muitas entrevistas de ambos! :) Valeu!

Oi @thomashblum então, já vi o documentário, achei ótimo! Acho que é normal essa identificação, como disse os dois são fodas, mas fiquei feliz por me sentir representada pela Aline. Valeu e até os próximos post!

Já tinha visto alguns dos trabalhos da Aline, por curiosidade ao ver os do Crumb, mas nunca tinha ido muito a fundo(na real nem sei muito sobre o Crumb também), um quadrinho e artista que curti muito foi o Persépolis da Marjane Satrapi que também aborda temas muito interessantes... tenho mais uma ou 2 leituras nesse sentido, mas não consigo lembrar agora, enfim, grato por compartilhar esse conhecimento conosco!!!

Oi @paulo.sar , então, tenho/li Persépolis da Marjane Satrapi também, sem dúvida é algo mais político, muda o foco do quadrinho de modo geral, achei foda! Aliás, vale comentar aqui um dia sobre Maus* mas o que gosto tanto na Aline quanto no Crumb é esse viés mais cotidiano, mais realidade, angústias e reflexões do "homem comum". Valeu mesmo pela dica e assim que lembrar compartilhe comigo. Abraço.

Maus também é muito interessante. E uma das obras que estava tentando lembrar é O árabe do futuro, já leu? Grato pela resposta!!

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