À procura de anjos

in #pt6 years ago

Desde o início da aurora da criação Deus criara sua prole.
Estes seriam os Anjos.
Em alguns casos, consoante sua responsabilidade, seriam Anjos de outro calibre, então chamar-lhes-iam de outra maneira.
Poderiam ser Querubins, Serafins, Benjamins, Potestades, Tronos, etc..
Em algumas culturas, relacionando-os entre essas culturas, poderiam ser os deuses e semideuses dessas culturas...

Mas sucedeu que a determinada altura, devido a várias situações, o número de Anjos diminuiu.
Alguns dos chefes destes, reuniram-se com os mais altos divinos, que resolveram falar com Deus-Criador.

Mas Deus estava ausente.

Resolveram aguardar pela volta do Senhor, mas Ele demorava em chegar.

Sua missão, a dos Anjos, era a de cuidar da criação de Seu Senhor, mas preocupados com esta situação de perda de elementos, começaram descurando-a. Além de que sem anjos para a efectuar, como poderiam cumprir com ela?

Toda a criação saiu então afectada.
Incluindo a humanidade.

À beira da desesperação alguns escolheram descer à terra para procurar soluções:

Alguns recordaram que havia um jovem que com sua música encantava as feras.
(Procuraram por ele e resgataram-no para o Céu, mesmo contra sua vontade);

Outros recordaram antigos escritos que poderiam encantar e criar novas entidades angélicas. Então desceram e levaram-nas para os Céus;

Outros ainda recordaram como em tempo arcaicos, outros de sua raça haviam descido e fecundado as filhas dos homens.

Mas também recordaram que isso não tinha dado bom resultado. Tinham nascido gigantes que a dado momento se viraram contra a humanidade e o divino, levando-os a lutar.
E essa tinha sido uma das causas das suas fileiras angélicas desaparecerem, nessas lutas contra malvados, monstros e outros demónios.
E entre si (entre indivíduos angélicos) não era permitido a reprodução. Correndo eles o risco de deixarem de ser divinos.

Havia uma lembrança muito vaga de reprodução entre os antigos dos antigos, mas eles haviam perdido a conexão a essa fonte.
E os mais antigos dos antigos também tinham desaparecido há muito tempo...

Por isso começaram a procurar por eles.

Tinham a lenda da narrativa que por Amor à humanidade, estes Antigos dos antigos, descendo dos Céus, comungaram com os humanos, providenciando-lhes conhecimentos.

E eram esses conhecimentos que os Anjos agora procuravam.
Por isso resgatavam o homem que encantava as feras com sua música.
Por isso os escritos de encantar.
E mais procuraram...
Alguns até foram ao extremo de capturar as filhas dos homens!
Mas mal o faziam, os mais atentos entre eles os regravam e obrigavam a devolvê-las...

Esta era a sina dos homens-mulheres anjos.
(Homens-mulheres anjos, pois desproviam de sexo que os definisse).

E suas fileiras continuavam escassas...

  • "Como voltaremos a ter asas, grande Ser?"
    Perguntavam.
    Mas seu Senhor ausente emudecia.

A dado momento, quando um destes descendendo capturava jovem, jovem perguntou-lhe de lágrimas nos olhos:

  • "Porque me levas? Castigas-me? Fiz-te mal?"
  • "Levo-te para te fecundar. É proibido, mas não temos mais asas para nos cuidar. Procuro irmãos de ti."
  • "Mas eu não te quero! Estou só mas não por ti vou!"
  • "Não te negarás, sou mais forte que tu."
    Impelia o bruto.
    Jovem chorava.

Chegaram a montanha, entrando numa gruta, e nuvens passavam em baixo.

O anjo pousou e tudo parou.
As nuvens não mais se moveram...

O anjo assomou entrada de gruta de montanha:

  • "Até o tempo se vira contra nós..."
    Lamentava-se.
    Pois se não houvesse tempo, a criação e crescimento do novo ser não se daria.

Jovem, no recanto da gruta ouviu isto, e apiedou-se.
Perguntou:

  • "Qual a tua missão, alado?"

O anjo olhou na escuridão da gruta.

  • "Cuidar do criado."
  • "Quem te deu tal missão?"
  • "O Senhor de toda a criação."

Jovem limpou as lágrimas. Também ali sofria alguém que não só este que era jovem.
Levantou-se e chegou-se ao anjo.
O anjo olhou jovem:

  • "Colaboras comigo?"
  • "Como posso, se é delito? Também eu ficarei mal..."

O anjo lamentou sua sorte.
Não queria fazer mal, mas não sabia de outra opção.

  • "Porque nos guardais, se somos protecção do Criador?"

  • "È assim estabelecido. Não sei porquê..."

  • "De onde vieram os anjos, afinal?"

  • "Do Senhor."

  • "E onde está ele?"

  • "A toda nossa volta!!!"
    Respondia o anjo, abrindo suas asas e seus braços, demonstrando a glória da criação no criado.

  • "Então se Deus está em todo o lado, e vós viestes dele, vireis do que foi criado."

  • "Que queres dizer? Viremos dos peixes e das plantas, das pedras e dos mares?"

  • "Isso não sei, porque não conheço, mas se dos vossos houve gérmen para os homens serem fecundados, através das filhas deles, também de tudo o criado virão os anjos."

  • "Não sabes o que dizes. Isso não é possível. Vimos da maior fonte do divino."

  • "Mas se tudo é divino..."

  • "Fecundámos as filhas dos homens porque eram as mais parecidas conosco, e com elas nos podíamos dar. Corpo de peixe não se dá com corpo de águia."

  • "Verdade. Mas do cruzamento de humano com divino, não surgiu anjo, mas antes algo corrompido. Anjo com peixe ou com planta não dá anjo, assim como não se dá com humano."

  • "Então que dizes, jovem? Procuras confundir-me?"

  • "Antes revelar-te uma ideia: e se te não cruzares com nem peixe, nem planta, nem humano?"

  • "...Deixaremos eventualmente de existir."

  • "Se os anjos vieram do Criador e Ele È tudo o criado, então os anjos virão da criação, mas sem cruzamento."

  • "Agora me baralhaste. Anjos estão em todo o criado?!"

  • "Talvez não com esse nome, mas sim. E se só com humanos se podem cruzar, talvez só deles possam vir anjos de mesmo nome que o teu."

  • "Mas sem cruzamento, dizes tu."

  • "Digo eu."

O anjo então reflectiu nestas palavras e escolheu olhar jovem com sua visão magnífica angélica...
...E espantado abismou-se, pois no fundo de jovem habitava gérmen angélico, aguardando ser criado.

Mas também viu que no fundo, esse gérmen podia cair na escuridão e dar origem àqueles que atentavam contra os anjos e homem e criado: os demónios e monstros.

Mas...também Algo mais.
Algo além do anjo e do demónio, algo que ele não compreendia...

Nuvens voltaram a mover-se...
A montanha estava em harmonia, assim como todo o criado.
O anjo sentia que a criação sorria.

Finalmente os anjos encontravam o seu lugar, de onde vinham e como surgir.

  • "A criação sorri! O mistério está solucionado! Partamos que tenho de anunciar isto."

E desceram da montanha, anjo e jovem...

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