A sereia e o mar
Dia alto em terras ásperas de nuvens carregadas.
O mar intranquilo , mas nem tanto para costas pedregosas.
O som .
Algo de mágico, belo e poderoso.
O amor? A mulher?
Vem do mar...
Avança tomado pelo som, pela melodia que desconhece, mas que enreda.
Nas pedras vai caminhando, deixando para trás as rochas, e logo pedregosas costas dão lugar à àgua gèlida do mar.
Está além da razão esse prosseguir; só procura o som que vem, vem daquele mar, daquele encantador mar que nem as tormentas dele agora o afastam.
Ao longe, bem ao longe, visão tenebrosa: mulher e peixe vivem juntos, em casa e corpo.
É de onde parte o som.
Não se sabe se do peixe se da mulher.
Já a água avança e supera por vezes a respiração do homem, afastando-o do ar e do respirar, mas ele prossegue e mesmo assim não acorda, lançando-se dos pés acima do fundo do mar, procurando nadar.
Ela sorri, satisfeita. Além da terra ele quer ir ter com ela.
O encanto funcionou e chamou-lhe um amado.
"Estou contigo..."- parece murmurar a melodia, atraindo o homem que é agora o verdadeiro peixe no isco, invertendo a posição.
Já muita da distância se fez a nadar e ele encontra-se perto dela, ela estendida ao Sol turboloso entre as nuvens negras do dia alto.
Da sua posição ela lança-se em procura da sua presa, que tanto gosto faz por estar com ela, o inconsciente!
Mergulhando, sem cessar a mágica cantoria que até das ondas parece se fazer atravessar...(é o próprio encanto que vibra ainda nos ouvidos dele e no seu coração).
Mas cessa o eco e a melodia já não está lá.
O homem como que desperta!
Está no mar alto, sem terra, sem pedra sob seus pés!
Que faz ali? Deve regressar!!
Jovem sereia não soube esperar pela presa chegar até ao seu lugar, e viu-se agora despertar.
Vê por baixo como se ele agita e busca voltar.
Deve agir: não o pretendia assustar, tampouco perdê-lo.
Lança-se da profundidade e captura-lhe os pés com força, puxando-o para baixo.
Ele agita-se! Tenta mover-se, seus pés movimentar, nadar como o peixe que não é, que está fora do seu mar.
Ela puxa com mais força...e leva-o consigo além do ar!
(...)
É seu!
De frente estão, mas não se vêm bem: as àguas são turvas e escuras e a acção avizinha a sua intenção...
Mas eis que do céu uma esperança: as nuvens de tempestade se abrem e do Sol a luz.
A água iluminada, pois de tão profundos não estavam eles, e ele vê-a através do espelho da àgua.
E ela o vê, vendo-a.
(A mulher, não o peixe).
O beijo mortífero prepara-se, para despertar ela nele a paixão, e nesse enlevo ele se afogar.
...Levando-lhe o fôlego...
Algo sucede entretanto: a luz despertou nele!
O beijo dá-se, ...mas não é dela a iniciativa!
Seu fôlego de homem lhe é entregado, de bom grado.
Seu último fôlego de sobrevivência...
Os olhares se encontram.
No peito dela o seu ar. O ar dele.
Ele não mais consegue respirar...
Solta-se o beijo, não o olhar.
Mas ele já parte, para cima para o ar, para a superfície do mar onde a luz embeleza a àgua com faiscantes projecções da sua Pessoa.
Lentamente...
E lentamente ela fica olhando, ali parada.
Concretizou o seu intento, roubar o último fôlego de um aéreo,...mas não esperava que fosse dessa maneira.
Agora envolto pela luz, ele já não lhe parece tão vil...Seu olhar...esse ainda perdura. No seu peito e no seu pensar.
"Devo ajudar!"
E lança-se, lista, ágil e escorreita como peixe, alcançado-o no seu lugar.
...
Novo beijo...e o fôlego mágico é de novo dele.
Desperta!
Está no seu meio, (o dela), e a visão da mulher da beleza.
Para a superfície e está no dele, e ele abraça o seu pescoço.
"Ar!"
Ela olha para ele, para o seu olhar. Todos querem viver...
"Para o mar" pensa "esse é o meu lugar."...não seja que ela fique mais peixe que mulher e seja pescada...
De súbito parte, a água salta no ar, remexe, revolta-se à sua partida...
Atordoado, nada mais pode fazer.
Ela já não está no seu lugar....
Fica olhando, procurando...o espaço vazio de tão breve casamento, o par que se rompe...
Ela ao mar retornara para não ser mais vista e ele para a terra de seus pares e antepassados.
Ficou-lhes o beijo e a troca de fôlego, viajando de habitante do ar para o das profundezas e de volta.
A história que fica contam-na as ondas, as rochas, o ar. O Sol lá do alto envolto pelas nuvens e a magia do mar.
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