Hipermodernidades 21 - A esperança tem um lugar legítimo e, ao mesmo tempo, perverso
Extraviados do lugar-comum do quotidiano da moda (a idade liberta e liberta-se do anúncio efémero), com o humor necessário para a exclusão do ridículo que a mimese impõe para que o fulgor publicitário não desista de se aplicar sem rodeios ao consumo, os viajantes serenos percorrem ruas iluminadas e questionam a necessidade de rupturas nesta paisagem estrangulada pelo medo, pelo silêncio e pelo terror de não pagar a despesa que a produção de supérfluos impinge numa construção de um calendário reinventado com datas puramente comerciais que apelam aos afectos, às emoções, aos desejos.
Disfunções da realidade permitem que, perante a cegueira da ficção da montra, a distracção imponha subliminarmente o êxito do mimetismo que vai impedindo uma estética de mudança.
Não aceitar a imprevisibilidade da alteração histórica que a imagem-excesso sublinha é ceder aos interesses desumanos para que o quotidiano do cidadão se reduza à produção, ao crescimento cego e à economia que conduzirá o indivíduo à falência da sua existência livre.
O despautério promove acidamente a anulação de autonomia, criando a sensação de uma emancipação irreal quando na verdade se é objecto de manipulação agressiva do facto diário.
Procuram-se novas sensações para que a desestabilização emocional dos indivíduos os impeça de agir com inteligência e livremente perante as adversidades da existência fabricadas em laboratório.
O conhecimento cedeu lugar à tecnologia e ao fascínio pelo mundo virtual, metáfora da falsidade e da inexistência, criando ilusões de comando e autonomia que na consciência íntima reduz o homem à sua impotência como um criador revolucionário de mudanças.
Esta perversão mercantil do ser pode levar-nos a uma convulsão social de dimensões inimagináveis. E a História assumirá o seu papel, mais uma vez, de condutora de mutações.
E nessa imprevisibilidade a esperança tem um lugar legítimo e, ao mesmo tempo, perverso.
Se não sabemos para onde vamos, por que razão nos deixamos levar para destinos presumivelmente negros? A época das referências antidemocráticas está aí.
O risco da inutilidade da acção e da sua ineficácia, o desinteresse que invalida a própria defesa do bem comum e a proverbial cobardia dos crentes em destinos divinos, são vectores que colocam em cheque a condição de possibilidade de futuro.
Luís Filipe Sarmento, Gabinete de Curiosidades, Lisboa, São Paulo, 2017
Foto: José Lorvão
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