Nós estamos viciados em likes?
Na semana passada eu estava assistindo "Nosedive", que é o primeiro episódio da terceira temporada do seriado Black Mirror.
O episódio se passa em um mundo onde as pessoas podem se avaliar de uma a cinco estrelas por cada interação que possuem, podendo afetar seu status socioeconômico. Lacy, uma jovem mulher extremamente obcecada com sua pontuação; encontra a oportunidade de elevar suas popularidade de forma significativa e se mudar para uma residência mais luxuosa, depois de ser escolhida por sua amiga de infância popular como a dama de honra do casamento. Sua obsessão leva a vários percalços em sua viagem ao casamento que culminaram em uma rápida redução em sua nota. (por Wikipedia)
Enquanto eu assistia ao episódio, eu pensava sobre a maneira como nós lidamos com as mídias sociais; a quantidade de curtidas, compartilhamentos e o tipo de informação que postamos. No final do episódio, eu decidi verificar tudo o que eu já tinha compartilhando. Lentamente, eu comecei a excluir fotos, posts e dei uma limpada no Facebook e no Instagram.
Eu precisei de muita coragem para excluir a minha conta do Twitter. Afinal de contas, eu não vou mais ter aqueles likes, mas se eu quiser, eu tenho até 30 dias para mudar de opinião e voltar para os meus 75 seguidores.
De qualquer forma, meu ponto é: como você se sente sobre sua vida na mídia social? Sim, é a sua vida.
Você acorda e verifica seu feed antes de dizer Bom dia a seu marido/esposa/filhos, você sabe, as pessoas reais.
Você vai a uma reunião ou festa, pega um Uber e no final da viagem, você dá uma nota o motorista e ele faz o mesmo com você, assim como em "Nosedive".
Você é bom ou ruim com base na opinião alheia. Não se trata de seus valores, é sobre como você se apresenta online.
Se a sua nota for muito baixa, talvez o Uber não aceite a sua corrida e você acabará voltando para casa de ônibus, que até agora, não o julga por estrelas.
Quanto mais eu pensava no assunto, mais fotos eu deletava. Eu estava tentando compreender o motivo de compartilhar tanto?
Quando alguém que eu acabei de conhecer, quer ser meu "amigo", a pessoa consegue mapear rapidamente a minha vida desde que entrei na rede social. Ela vê meus dias na Universidade, as fotos da minha família, das minhas férias e festas, dos meus pratos favoritos e dos selfies na academia. Por essas fotos, a pessoa “constrói a minha personalidade" e me avalia.
Eu sou boa o suficiente para ser sua amiga virtual?
Você aceita o pedido desse amigo e a pessoa NUNCA fala com você. Então qual é a lógica? Nós adicionamos porque queremos mais seguidores e likes? Nós estamos curtindo esse voyeurismo? Nós estamos sendo genuínos ou estamos compartilhando conteúdo para tornar a nossa vida mais desejável? Você é tão legal assim?
Alguém já te escreveu uma recomendação no LinkedIn? Se não, é melhor pedir para alguém o mais rápido possível ou você acabará sozinho, sem amigos, sem um trabalho bacana...
Será só você e seu telefone.
Espere um minuto.
Estes somos nós! Olhe ao seu redor, nós estamos vivendo em nossa bolha, checando as mídias sociais. Dando 50/100 likes diários.
Novo par de treinadores do amigo (LIKE)
Café de segunda-feira (HEART)
Vestido de bebê (comentário: que lindooo)
Brinquedos para cães (HAHA)
Comida saudável (LIKE)
Corte de cabelo novo (é claro que eu vou curtir)
Curtir, curtir, curtir... você realmente curte de tudo o que você curte?
Hoje, a notícia do dia foi os "50 milhões de perfis de Facebook colhidos para Cambridge Analytica para ajudar nos votos americanos na eleição de Trump". A empresa é acusada de manipular parte do eleitorado norte-americano com anúncios direcionados a partir de análise de perfis.
Você acha certo que a informação que você divide com seus amados amigos virtuais está sendo usada como dados para influenciar pessoas, empresas e até eleições? Por sinal, sem sua permissão, tá.
Você acha certo ver exclusivamente anúncios direcionados sobre bebês porque você teve um filho e, provavelmente, posta e curte mais páginas sobre o assunto?
Talvez você também goste de cães, mas você ainda não tem um, então, por que veria anúncios de cachorros? Você precisa de anúncio de fraldas porque você tem lidado com um monte de merd* ultimamente. Essa é a sua vida e todos os seus amigos estão curtindo.
Para concluir, eu só quero dizer, seja mais sábio e cauteloso. Mídia Social é a forma mais poderosa de marketing e pesquisas de mercado que o mundo já viu.
Promova as suas habilidades e as suas paixões, mas não venda sua alma para o diabo.
(HEART)(UPVOTED)(RE-STEEMED)
Pero non mais de 10 votos diarios ó 100%.
Apertas dende dende algún lugar da galeguia
(HAHA)
hahahahaha sensacional @gazetagaleguia!!!
Ótimo texto! Que todos nós possamos acordar para esta grande inversão de valores da nossa geração.