RE: Humanismo e Existencialismo: Parte 7 - Thomas Szasz - A Fábrica da Loucura
Muito bom @charlie777pt! E muito pertinente para o momento atual brasileiro, onde a Psiquiatria, através de sujeitos primitivos, retorna aos seus primórdios, por meio de políticas públicas retrogradas e alheias ao nosso contexto atual. Mas friso que a psiquiatria não existe em matéria, os sujeitos psiquiatras que às utilizam na perspectiva do plano cartesiano homem-máquina que colocam a valer as demandas sociais. A Loucura não é produção da Psiquiatria como um saber, é consequência da sociedade, sofrida em indivíduos de diferentes maneiras. Só quem pega os extremos, tem ideia do que é um filho espancar a mãe em um acesso de cólera, um marido matar a esposa em um delírio de ciúmes, um indivíduo tirar a própria vida em uma melancolia, por um momento impulsivo. O sofrimento que é o adoecimento psíquico, só quem vive pode descrever.
Thomas Szasz faz o obvio, não seria os botânicos que simbolizariam o sofrimento humano em signos, nem os mestres de obra, quem lida com essa problemática que o faz, e tanto a Psicologia, os Ideólogos, quanto os Médicos fizeram essa função, até o autoritarismo do poder médico tomar partido. O próprio Pinel já trazia a crítica ao lidar e compreender das doenças mentais do seu tempo. E mesmo assim, deu margem para tudo o que veio depois em seu nome, o telefone sem fio humano é ordinário e atemporal.
Mesmo assim, os poderes sociais e a autoridade médica tornaram a loucura uma fábrica de dinheiro, e as Instituições perderam o sentido pileriano, retornando ao sentido pré - Pinel + sentido pervertido pileriano, tornando-se uma fábrica de despejo e sofrimento humano, e sim uma fábrica de mais loucuras, e seu post é importantíssimo, pois estamos a voltar a esse entendimento superficial que internar é resolver o problema.
No Brasil, os hospitais que percorro no Rio de Janeiro, já não funcionam no modelo "manicomial", e aprendi que o manicômio pode acontecer até nos Caps(Centro de Atenção Psicossocial). Mesmo assim, diversas vezes temos que recorrer a internação, ou acolhimento em CAPS III.
De toda forma, algo sabemos, se loucura fosse sinônimo de internação, voltaríamos a ter instituições lotadas principalmente por políticos e juristas do nosso tempo!
Obrigado mais uma vez! Grande Abraço!
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Mais uma vez obrigado pela atenção dispensada , com comentários cheios de mestria e muito conhecimento de quem têm de lidar com os problemas reais das pessoas, que é muito mais duro do que a visão teórica das dissertações filosóficas.
Os meus parabéns para quem tem essa coragem, porque confesso que fugi da psicologia clínica, acima de tudo pelos métodos que o sistema nos obrigava a usar.
O fenómeno dos "poderes sociais e a autoridade médica tornaram a loucura uma fábrica de dinheiro" . Grande slogan, perfeito. hehe
Tudo o que seja negócios de Estado como a educação e a saúde forma transformados em máquinas de dinheiro, roubando os fundos públicos, que para mim é um dos maiores crimes do Mundo, pois quem já é rico , com a sua volúpia tornam mais pobres os sistemas financeiros que pertencem aos cidadãos como utentes.
A saúde e a educação já não servem as pessoas, mas sim os interesses dos atuais Al Capones que os controlam.
Quando estive na Holanda á 30 anos ( ia lá sempre todos os anos para respirar democracia, mas ultimamente até neste país a direita está tomar o sistema- e já não vou á 4 anos), houve uma experiência interesantíssima que retirou cerca de 60% das pessoas que viviam internadas.
O Governo encontrou casas vazias nas cidades , alugou-as e colocou as pessoas nessas casas, com tratamento ambulátório, e gastou uma fortuna em publicidade na televisão a informar a população do experimento e foi criada um comissão de 60 psicólogos que iriam resolver as queixas dos cidadãos que se sentissem incomodados.
Um amigo meu psicólogo que era desta comissão, confessou-me que durante um ano se sentiu um completo inútil, pois as queixas dos cidadãos foram igual a Zero.
Claro que nesse tempo a esmagadora maioria dos holandeses tinham uma visão endémica da democracia( que no caso deles se chama e funciona como comunalismo) e eles próprios resolviam os problemas que iam surgindo.
Claro que estas mudanças dependem muito da educação política e democrática dum país, e na Holanda a tolerância é um pilar da sua educação.
Por exemplo nas escolas desde crianças que os alunos são ensinados a proteger e compreender os emigrantes explicando que eles já se sentem suficientemente angustiados com a sua situação e têm de ser compreendidos e ajudados, uma situação que nunca vi noutros países porque eles são ensinados a pensar pela cabeça dos governantes.
Estudei o curriculum das crianças nos primeiros anos de escola e é fantástico as aulas práticas em que se ensina as crianças sobre os perigos da droga ( e também do crime), pois elas passam por uma sessão em que na sala de aula passam primeiro pessoas que se perderam e estão dependentes de drogas e na prisão, mas na sessão seguynte é convidado um homem de sucesso ou artistas , que explicam que se drogam mas não se deixam dominar porque por sua vez eles próprios passaram por essas sessões quando eram crianças.
A educação devia ser a mina de diamantes de qualquer país, mas hoje ela só serve para criar pessoas submissas (que nesta era mata a adaptação das pessoas ao futuro) e não para elas se desenvolverem.
E "e loucura fosse sinônimo de internação, voltaríamos a ter instituições lotadas principalmente por políticos e juristas do nosso tempo!" hehehe
O Mundo só muda quando se atuar mais na Prevenção ( que é função da educação), do que na Medicina curativa, e que económicamente a longo prazo é muito mais lucrativo, mas na democarcia representativa os políticos não fazem planos a longo prazo pois isso iria beneficiar os opositores que tomam o poder nas eleições seguintes.
Os planos de longo prazo deveriam ser referendados pelas populações, que usariam os seus Criados no poder( é isso que deveria ser um político) com a sua escrutinização.
Mais uma vez muito obrigado por me reduzir a sensação que o que escrevo não tem qualquer uso, a não ser para comentários botizados, adds nos meus posts para aumentar a já grande concentração de steem, exatamente como no facebook que usa os posts das pessoas para faturar em publicidade de estruturas centralizadas. Claro que aceito a publicidade nos posts quando ela reverte para os usuários e não para terceiros.
Desde que há publidade é que o steemit mostrou a sua face de sistema centralizado.
Se não tivesse Block Adds já teria deixado de usar o Steemit, pois sempre fui um blogger que não publicava em estruturas centralizadas onde houvesse adds, e até hoje sempre paguei servers para poder fazê-lo sem publicidade.
Claro que cá contínuo pela comunidade de gente interessante, cujo número tem estado a encolher cada vez mais
Um grande Abraço