Profissionais do Secretariado do Sexo Masculino
Texto originalmente postado em https://9outside9.blogspot.com.br/2011/10/profissionais-do-secretariado-do-sexo.html
Frequentemente tenho recebido emails do Sinsesp (Sindicatos das Secretárias do Estado de SP) solicitando minha colaboração para pesquisa universitária sobre profissionais do secretariado do sexo masculino. As perguntas tangem sempre nos mesmos pontos e pensando nisso decidi publicar quais são os aspectos mais críticos para nós homens, com base nos olhares que nos são lançados devida e indevidamente, desde a formação, passando pela difícil inserção no mercado de trabalho até chegar à atuação.
O ramo do Secretariado Executivo apresenta várias vantagens para o estudante como formação rápida, obtenção de título de nível superior em, no mínimo, dois anos, e conhecimento diversificado de várias áreas acadêmicas.
Em princípio a pergunta é mais polida: "por que um homem opta por este curso?" A resposta, também polida é: pelos mesmos dois motivos que qualquer estudante opta por outra carreira: identificação com o trabalho e/ou busca de futuro profissional/financeiro promissor.
Em seguida as perguntas tornam-se mais fatídicas; e são as que mais assombram a vida do sexo masculino no Secretariado; a mais frequente é: "já sofreu ou sofre algum tipo de preconceito?" - Inexoravelmente, sim! Qualquer homem que ouse adentrar essa área será alvo frequente de preconceitos, inclusive por parte dos professores, colegas de classe e trabalho, mesmo que de forma velada. Visto que, erroneamente, secretários, no âmbito privado, têm sua imagem associada à de homossexuais (considerando que a sexualidade deveria ser tópico irrelevante no meio executivo de alto nível); o que dá margem a outro tipo de pergunta carregada de preconceito, e desta vez por parte das mulheres: "mas os homens podem exercer essa função tão bem quanto as mulheres?" Evidentemente que sim. Pergunto-me se o uso da genitália no exercício desta ocupação é necessário? A pergunta pode causar repulsa, porém é o que se esconde, inocentemente, por trás da pergunta que antecede esta. Inegavelmente, homens e mulheres diferem entre si em aspectos intelectivos, como, por exemplo, a inteligência linguística, naturalmente mais desenvolvida nas mulheres e a inteligência emocional mais robusta presente nos homens. Mas tais diferenças intelectivas não excluem o potencial masculino neste ramo. Pelo contrário, a objetividade e senso prático masculinos tornam-se diferenciais, dependendo da ocupação secretarial. Verdade seja dita, homens são menos meticulosos e apegados a detalhes que mulheres, e isso, por vezes, faz toda a diferença numa seleção de emprego, colocando os homens em desvantagem competitiva. Agora pense, como você se sentiria se te perguntassem: - "Mulheres podem ser tão boas engenheiras mecânicas quanto os homens?" Chato, não é?
Por que o Secretariado não é uma área para homens?
Mulheres, não sejam "machistas" conosco
Lamentavelmente, ao menos no Brasil, o preconceito presente no meio corporativo acaba impossibilitando a contratação de secretários executivos devido ao posicionamento sexista presente em executivos do sexo masculino... motivo pelo qual existem tão poucos homens atuando no secretariado.
Existe a possibilidade de reinserção do secretário executivo na área, porém tal possibilidade, embora interessante, não atende aos interesses profissionais contemporâneos do sexo masculino, em sua maioria.
Imagine aquele executivo, mau caráter, que, em detrimento da imagem profissional da secretária, a sonda com olhares nada profissionais. Por este motivo existe um forte movimento de moralização e instauração de respeito pela Mulher no mundo empresarial. E, neste sentido, as secretárias executivas compõem a linha de frente da batalha. Com efeito, o sexo masculino permanece com sua formação secretarial e seu potencial ignorado. Ou seja, uma parte dos homens, os secretários executivos, paradoxalmente, sentem na pele o quão repugnante é o machismo.
No meu caso foram mais de 800 currículos enviados após minha formação como secretário executivo, que me rendeu apenas uma entrevista de emprego sem obter êxito. Atualmente trabalho com Aviação Civil, em outra área também pouco prestigiada pelo sexo masculino, porém sinto-me realizado e bem colocado no mercado de trabalho por ter toda minha formação acadêmica aproveitada aqui.
Se posso deixar um recado de autoestima para os futuros profissionais da área: o Secretariado é espaço para Inteligência, não para sexismos. Não importa se você é homem ou mulher, e o quão antiquadas e preconceituosas sejam as pessoas à sua volta, sua astúcia sempre compensará todo obstáculo antiprofissional.
Sucesso!
ADENDO
Relato concedido à Secretária Thamires Correia para confecção de TCC.
Bom dia, Thamires,
Vou fazer um rápido resumo do meu caso.
Antes de iniciar minha formação sem Secretariado eu trabalhava como professor de educação básica; o que me deixava muito desmotivado, dada a baixa remuneração e desmantelamento da profissão no Brasil. Com efeito, decidi que era hora de mudar. Tracei então uma linha de ação: formação em uma área que me conferisse conhecimento prático e interseccionante com outras áreas (eis o Secretariado Executivo), e, em seguida, especializar-me em Finanças.
O que não era esperado era que justo a Aviação Civil - onde trabalho até hoje - seria a área mais interessada em meu currículo. Porém, paralelamente, e não oficialmente, consigo trabalhar com Finanças também. Me considero com dois empregos; isso graças ao curso de secretariado, atrelado à autodisciplina e à força de vontade. Fiz a minha própria sorte apesar das portas que não foram abertas como secretário executivo.
Sobre os desafios para o profissional do sexo masculino na área, me parece um pouco óbvio. Homens são ultrafocados e nem sempre percebem nuances e detalhes à sua volta, o que, certamente, é uma desvantagem em relação às secretárias, que são muito mais eficazes no gerenciamento do ambiente secretarial. Não é de se estranhar que as mulheres dominem a profissão e com o devido mérito.
Entretanto percebi uma carga violenta de preconceito por parte das colegas, professores, RH, etc. Parecia um clube feito por mulheres e apenas para mulheres. As aulas eram direcionadas apenas para as “futuras secretárias”... eu era o outsider. Até mesmo o Sindicato das Secretárias de SP aparentava advogar apenas para o sexo feminino. Em 2006, salvo engano, mudaram o título para “Sindicato das Secretárias(os) do Estado de São Paulo”, o que está incorreto segundo a norma culta da Língua Portuguesa. Apesar da boa intenção na mudança, não consegui me sentir representado.
Além do mais existe um forte sexismo na área. É um tema muito delicado, controverso e polêmico. Nós ainda vivemos em uma sociedade machista e, amiúde, as mulheres têm se comportado da mesma forma. “Homens não são interessantes. Homens secretários, menos ainda”. Era a impressão que eu tinha. Na maioria das vezes percebia que os RH’s estavam à procura de Modelos e não profissionais gabaritados. Era frustrante.
Apesar das contrariedades no decurso da minha formação sinto que alcancei meus objetivos. Hoje estou bem colocado no mercado de trabalho, exerço minha atividade paralela, casado, futuro pai… Só tenho a agradecer à minha formação mas reconheço que este é um lugar onde as mulheres são vitoriosas e mais competentes que os homens. Não se trata dirimir a natureza masculina, mas, de fato, nós, homens, somos mais limitados para o secretariado.
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Este texto é de minha autoria e foi republicado por Rita Moreira sob minha autorização.
O original está aqui: https://9outside9.blogspot.com.br/2011/10/profissionais-do-secretariado-do-sexo.html