INSIDER TRADING: USO INFORMAÇÕES PRIVILEGIADAS PODE PREJUDICAR AS CRIPTOMOEDAS?
Em 2017, Bitcoin deu o que falar. Com valorização explosiva, esse ativo abriu a porta para todo o mercado de criptomoedas. Na primeira semana de 2018, a TRON, criptomoeda criada a menos de seis meses, viu seu preço aumentar em 200% em apenas dois dias devido a dois Twitties publicados pelo CEO fundador, sem grandes detalhes, mas com promessas de elevar as expectativas de preço desse ativo.
Intervenção governamental, excesso de burocracia e imposição de tributos podem minar e até interromper projetos na área de blockchain, mas será que atitudes como não podem ser vistas como manipulação de mercado e trazer grandes prejuízos aos investidores? E como o insider trading, prática ilegal no mercado mobiliário brasileiro, se relaciona com esse caso?
A mais popular criptomoeda, o Bitcoin, deu o que falar em 2017, com uma valorização explosiva de 1.300 % no ano, alcançando o valor de USD 13.800 e capitalização superior a USD 200 bilhões.
Neste universo, um caso chamou bastante atenção na primeira semana de janeiro de 2018. Um ativo criado em setembro de 2017, o TRON, disparou 200% em dois dias por causa de duas publicações, no Twitter, de seu CEO fundador.
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Sem nomes, sem valores, sem datas ou projetos. Apenas duas notícias de possíveis parcerias com empresas de grande nome. Na mesma hora, acendeu um farol amarelo na minha mente e duas expressões vieram à tona: insider trading e manipulação de mercado.
Considero que o peso da regulação e burocracia podem atrasar e até parar diversos projetos na área. Contudo, no campo das criptomoedas, o investidor, o entusiasta e o mercado podem ser bastante prejudicados diante do uso irresponsável de informações pelos criadores e desenvolvedores destes ativos.
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O que é Insider Trading
Pode-se entender insider trading como a negociação de ativos financeiros por agentes que obtém informações privilegiadas de qualquer fato a fim de obter vantagens sobre o restante do mercado. São consideradas informações privilegiadas os fatos que ainda são sigilosos, ou seja, conhecidos apenas por pessoas diretamente ligadas a uma companhia e que possam influir na cotação ou na decisão dos investidores de comprar ou vender determinado ativo.
Se comprovado, o insider trading é passível de punição porque o agente pode manipular o mercado e ter vantagens sobre o restante dos indivíduos, o que pode levar não só a prejuízos financeiros, mas a desconfiança e ao afastamento de investidores.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) vem investindo na divulgação do tema, trazendo definições relacionadas ao assunto e alertando para os malefícios desta prática.
Casos no Brasil
Houve alguns casos famosos de insider trading no Brasil, como por exemplo o da OGX, em que várias vezes o próprio Eike Batista usava sua conta no Twitter para divulgar fatos relevantes da companhia e inflar a cotação das empresas do grupo. Outro caso de relevância foi o dos irmãos Batista, controladores da JBS, que negociaram ações da empresa e ainda lucraram no mercado de câmbio antes da divulgação das notícias da operação Carne Fraca coordenada pela Polícia Federal.
O vazamento de informações ocorre com frequência no mercado financeiro, mas quando os responsáveis são identificados e o ato ilegal é comprovado a CVM impõe punições severas.
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E as criptomoedas?
No caso da TRON, os dois Twitties, por mais bem intencionados que tenham sido, influenciarem diretamente a cotação dos ativos e podem muito bem ser vistos como um caso de manipulação de mercado e insider trading. Diante da falta de detalhes, será que as informações foram assimiladas da melhor forma possível pelos investidores? E se as empresas anunciadas não forem tão relevantes quanto sugerem ou então se as possíveis parceiras desistirem da empreitada, como ficam os entusiastas da TRON, que investiram o capital? Ou ainda, como saber se os próprios controladores não vêm utilizando de informações privilegiadas para elevar o valor de mercado da plataforma, atrair mais atenção e, consequentemente, mais recursos para a companhia?
Os investidores que não possuem acesso a tais informações sigilosas são os mais prejudicados e isso pode manchar toda a reputação das criptomoedas, fazendo com que os problemas de seu uso sejam temidos pelos governos, acarretando restrições ou até proibições.
Conclusão
Neste cenário, a falta de regulação pode ser benéfica para o crescimento e desenvolvimento do ambiente das criptomoedas, mas também altamente danosa aos investidores em geral, que podem sofrer com práticas abusivas e predatórias dos grupos controladores dos ativos digitais. Quem deseja se aventurar nesse mundo deve procurar o máximo de conhecimento sobre o funcionamento da tecnologia e da dinâmica dos preços, e estar disposto a se arriscar em um empreendimento no qual não há garantias, que não há quem trabalhe para a proteção dos investidores.
Assim, a minha percepção é de que quanto mais transparente e descentralizada for a criptomoeda, menor será a assimetria de informações no mercado levando a mais segurança dos investidores e entusiastas desta tecnologia.
Economista, trabalha no mercado financeiro a mais de 6 anos, entusiasta das criptomoedas e que busca a disseminação dos conceitos do mercado para todos, sem “economês”.
Valeu! Sucesso e boa sorte mais uma vez!!
Muito interessante seu post!! Pior que no caso da tron tem se constatado que o que foi dito não é bem assim, mais menos o que aconteceu com a iota e o anúncio sobre a microsoft. Lembremos também da série "coin of the day" do Mácafê. Coisas para se ficar atento!! Grato pelo compartilhamento dessas reflexões!!