# Trovadores # - Amor, quiçá... (#4): Carnivale
Carnivale
Falemos.
Nós, que agora somos dois,
Não "apenas", mas felizmente dois,
Um par,
Falemos.
Corrompamos ditames
Da consciência social
Por mútuo acordo
Pois somos um par,
E falemos.
Reinventemos Fórmulas. Destruamo-las.
E comtemplemos o todo,
Um pouco, um pouco mais
A cada vez
Sempre
Próximos,
Numa consequência
Em nada gravitacional
Em tudo voluntária
Próximos
- Respeitavelmente
- Conscientemente
- Instintivamente
- Inocentemente
- Necessariamente
- Ansiosamente
Próximos
Descobrindo o Fogo
O nosso Fogo
Que os deuses,
Aos quais os poderes são tantos
Dos seus saberes escassos
De olhos baços de omnisciência
Da podridão e ignorância
Em que banham os filhos próprios,
Nunca serão próximos
Próximos
Que já o sussurrar contenta
E alimenta o que já de se falar
Ou de se pensar, ou de sentir
Inspira
- Timidamente
- Pacientemente
- Progressivamente
- Cuidadosamente
- Carinhosamente
- Agradavelmente
- Desejavelmente
Muito próximos.
Próximos de nós
Um de cada um
E cada um do outro
- Ardentemente
- Altruisticamente
- Intrepidamente
- Descendentemente
- Prazenteiramente
- Impetuosamente
Próximos!
Quentes como os Sóis!
Os astros que nos pariram
São assim, tão maiores e tão mais quentes
Como nós nos queremos,
E tão temporariamente sós.
Ascendemos,
Descendendo instintivamente,
Ignorando a linguística anatómica
De encontro aos contornos
Que empiricamente
Inspiram a técnica.
A face:
Os lábios.
A estes que beijo
Para a alma são alimento,
Que o próprio instrumento de processamento
Se aproxima e humedece
A superfície que os reveste
E no seu interior
Se iniciam jogos e danças
Que as aves imitam
Em núpcias diversas...
As maçãs do rosto:
- Delicadamente ternurentas
- Metaforicamente suculentas
- Que o sorrir exibe
Nos limites do rosto.
O pescoço:
- Aparentemente frágil
- Tatilmente delicado
- Olfactivamente doce
- Gustativamente familiar
Altruisticamente viciante
Os ombros;
O peito;
Os seios:
De seus contornos
Curvilineamente perfeitos
E os mamilos erectos
Ao sol, suficientemente vitalício
Erectos pela língua intrépida
Que ao abdómen procura atender, a seu tempo...
Carícias atrevidas,
Quais incontroláveis actos reflexo
De fragmentos animalescos dispersos
Que formam vapores
Que nos fervem no sangue
Satisfazendo um quase incondicional ímpeto
Que a profetização desperta:
Lindo! O Olimpo em carne e osso!
À carne importa a paciência
Uma sucessão de hesitações
Que a uma e a outra porta
Provocam, atordoam e espantam
Já só com o alento acelerado,
Quente e húmido,
Se revelam e imploram...
No presente em que as iludo
E à esquerda e direita do Leito
Escapo-me(!)
Pelas rotas afluentes
Que me guiam
Até à suavidade de uma e de outra perna.
A uma e a outra beijo
Em todo o seu comprimento
E de volta.
A demora
Que antevê o retorno
É de exaltação!
Celebremos,
Com as devidas demoras,
O futuro...
Prestado o devido consentimento,
É nosso o tempo...
Nem ermo solitário
Nem mundo
Nem medo
Tem lugar aqui
Temporariamente morrem ou mirram
Para sítio nenhum,
Por um sítio melhor…
Vou atendendo
Entre carícias,
Aos lábios:
A estes que beijo,
Para a alma são alimento
Que o próprio instrumento de processamento
Se apróxima e humedece
A superfície que os reveste
E no seu interior
Se iniciam jogos e danças
Que as aves imitam
Em núpcias diversas,
De encontro
Ao ponto...
...onde os astros
Culminam, e desabam:
- explodem...
- implodem...
- colapsam...
- e renascem, ciclicamente...
O movimento,
Que a língua
Executará incansável
Até ao seguinte momento
Faz-se tão maior...O quão maior tu o sentes...
E aí surpreendes-me
Invertendo, redesenhando
A figura que os nossos vultos
Preenchem num hipotético escuro...
Vamos,
Provoquemos
A maquinaria
Dos sentidos,
Que toda a energia
Que acumulam
E canalizam,
Nasce e explode
E renasce, e o sentido
Que toma perde-se na forma
Como nós mesmos nos perdemos,
Tomando agora o caminho que quisermos,
Erguendo-nos acima do tempo,
Do correcto consciente,
E do silêncio,
Somos tudo,
Somos sempre,
Somos gente,
E por isso
Toquemo-nos,
Fodamos
E gritemos,
Suave e subtilmente,
Pelas almas: